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PROLOGO

Prólogo - por Bruna Fonseva
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por Bruna Fonseca

Fotografar é não ver.  O momento entre o clique e a produção da imagem é cego, o fotógrafo se arrisca na escuridão deste milésimo de segundo. Por outro lado, ser fotografado é desnudar a alma para o outro. A contradição dos dois atos é o que faz a criação de retratos algo único: ser visto sem ser visto, é sentir-se exposto como nunca enquanto o fotógrafo, ao apertar o disparador, não vê.  

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Fotografar também é criar realidades. Como observa Vilém Flusser (1983) em A Filosofia da Caixa Preta, “O gesto fotográfico desmente todo realismo e idealismo. As novas situações se tornarão reais quando aparecerem na fotografia. Antes, não passam de virtualidades.”.

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Em 100 Retratos, não só podemos observar novas realidades, mas podemos nos reinventar.  O autor, Geraldo Fonseca, médico e apaixonado pela fotografia (não nesta ordem), une o entendimento e fascínio pelo corpo humano com o olhar curioso do fotógrafo. O que começou como um exercício para desenvolver habilidades, terminou como um vício, um estilo de vida, um novo jeito de ver o mundo, as pessoas e a si mesmo.

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Como uma das primeiras fotografadas, me coloco em primeira pessoa, porque só assim é possível tentar explicar o dia em que fui outra – e desde então nunca deixei de ser. Dentro do estúdio, o fotógrafo e o fotografado estão sozinhos em uma página em branco. A realidade, então, começa a ser escrita a quatro mãos, ao mesmo tempo. Neste momento em que me reinvento, o fotógrafo também o faz. Se nós, os fotografados, podemos ser Frida Kahlo, Audrey Hepburn, Marilyn Monroe; se podemos ser Patti Smith, a stripper Alice ou el Fauno; se podemos ser mulheres e homens fortes, orientais, travestis, negros e brancos, o fotógrafo pode ser todos nós ao mesmo tempo.

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 100 Retratos é sobre ser quem você quiser, sem que ninguém te diga que você não pode.

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